sexta-feira, 4 de abril de 2008

O incómodo dos novos sons

Andar de comboio, ou transportes públicos, em geral, tem aspectos positivos e outros bem negativos, como ter que aguentar com o cheiro a sovaco que fica impregnado numa determinada secção da carruagem, aguentar o frenesim irritante com que a velha do lado movimenta as agulhas do ponto cruz ou o casal de namorados que, sentados à nossa frente, persistem em lamber-se, de alto a baixo, como se estivessem sem ninguém à sua volta.

De algum tempo a esta parte, uma carruagem de comboio parece-se, cada vez, com uma discoteca ambulante, dada a quantidade de aparelhometros leitores de musicol por metro quadrado.

Desde o adolescente, que puxa pelo volume numa de rebentar com os tímpanos, até à avozinha, que ouve, recatadamente, uma musica clássica, há de tudo e, mesmo quem não tenha qualquer tipo de auricular enfiado nos ouvidos leva com uma miscelânea, por vezes muito incomodativa, de fazer inveja a qualquer Dj de renome mundial.

Ora, incomodativos ou não, os vulgarmente apelidados de Head Phones, são privados e cada qual dá-lhe no volume à sua maneira.

O problema começa, e torna-se extremamente incomodativo, quando certas bestas anormais decidem que têm música para dar e vender ao resto da populaça, e sentam-se, com os telemóveis, ou outros artefactos similares, em alta voz, a ouvir a merda que consideram musica, sem se importarem, minimamente, com quem está ao lado, leia-se nas redondezas, a levar com a poluição sonora.

Antes, víamos muito aqueles velhinhos sentados nos bancos de jardim com um pequeno rádio de mão a ouvir a rádio-novela ou aqueles fanáticos que iam pelo passeio fora, sempre com o minúsculo rádio colado ao ouvido, a ouvir, atentamente, um qualquer relato de futebol.

Ao menos, tinham a decência de o fazer em locais abertos e se o resto da populaça não estivesse interessada só tinha que andar uns metros mais para o lado, ao invés desta nova geração de broncos que parece que aproveitam o facto de estarem em sítios fechados para, de propósito, importunar e provocar o seu próximo.

5 comentários:

Mac Adame disse...

Pois. Desde que o tabaco passou a ser a causa de todos os males, o resto é à vontade. Desde que não se fume...

Anónimo disse...

Acabei de ler hoje no jornal "Global Noticias" (23/09/08), uma carta de leitor onde consta que não é permitido utilizar, sem auricular, aparelhos sonoros em transportes públicos"...

Anónimo disse...

Após confirmação com os STCP do Porto, aqui vai a informação correcta:

"conforme Decreto de Lei nº 58/2008 de 26 de Março, do Diário da Republica : é proibido utilizar aparelhos sonoros ou fazer barulho de forma a incomodar os outros passageiros".

Johnnyzito disse...

O problema, Cris, é que essa camada da populaça está-se nas tintas para qualquer reparo que alguém faça.
Aliás, se alguém diz alguma coisa, ainda arrisca a levar um enxoval de pancada.
Obrigado pelos comentários
Cumpts.
João Gonçalves

Anónimo disse...

Ah felizmente, ha quem me compreenda. É uma falta de respeito. E o pior (e talvez não seja por acaso) é que a música é sempre, mas sempre, de má qualidade. Eu estou a pensar comprar um telemóvel de última geração e fazer o mesmo...sentar-me ao lado da pessoa e pôr a minha música tão alta quanto a dela..."Então e se toda gente se lembrasse de fazer o mesmo...ficava aqui uma orquestra bonita não?".

Não tinha conhecimento dessa lei. Mas tal como disseram, o que há mais é leis a quem ninguém liga nenhuma.

Onde é que anda o civismo?

- Carolina