quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Desaparecidas

O quotidiano cá do burgo não pára de surpreender o comum cidadão, especialmente com as notícias, geralmente nefastas, sobre as políticas governamentais, os tiroteios que vão acontecendo, um pouco por toda a parte, os atropelamentos nas artérias das grandes cidades e nas passagens de nível da linha de Sintra e os desaparecimentos de crianças, velhos e árvores.

Árvores, sim, porque parece que até estas já são vítimas de rapto, a avaliar pelo desconhecimento do paradeiro de 600 mil que deveriam estar plantadas algures no Parque Natural da Serra da Estrela, ao abrigo da tal campanha “Plante Uma Árvore”.

A SASEL (Sociedade de Águas da Serra da Estrela), promotora da dita cuja campanha, diz que tem pago as facturas aos viveiros mas que desconhece esta caricata situação.

O ICNB (Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade), parceiro no programa de reflorestação das serras cá do burgo, assume a incompetência típica de organismo do estado, diz que não tem fiscalizado o projecto e que, por isso, não tem a certeza se existem, e por onde andam, as tais árvores.

A Associação de Amigos da Serra da Estrela diz que a reflorestação não é visível no terreno, já que o programa começou em 2002 e, cinco anos depois, os números divulgados pela SASEL rondariam cerca de 300 hectares, algo que, pela sua dimensão, já se faria notar na área global do parque.

No meio deste diz que disse e não disse mas já disse que sim ou que não, as pobres coitadas das 600 mil árvores andam por aí ao Deus dará, quiçá amordaçadas e presas numa qualquer cave, fria e bolorenta, vítimas de maus tratos por parte dos sequestradores que ainda escapam às mãos da justiça cá do burgo…

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