Recebi, via EMail, o testemunho de alguém que não quer ficar calado, nem indiferente, sobre o tema do aborto.
Após obter as devidas autorizações, já que o mail menciona os nomes dos pais e da bebé, decidi publicar o referido testemunho no Sempre a Produzir e optei por dividir a missiva em duas partes: a opinião da mãe e a opinião do pai.
A eles, os pais, o meu muito obrigado pelo vosso testemunho.
Parte I
"Tanto para os que me conhecem melhor e já sabem um pouco da minha vida, e para os que não, passo a explicar:
Tenho 36 anos e sou mãe de 3 crianças, uma de11, outra de 6 e a última de 2.
A última nasceu com Trissomia 21 (síndrome de Down – vulgo Mongolismo) e soubemos no início da gravidez, o que nos fez passar por determinadas situações dolorosas, difíceis e muito "estranhas"....
Este tornou-se num assunto, para mim, "delicado" e incrível.
Sempre fui leve em relação ao assunto do aborto, até me ver na situação.
Como já disse, nós soubemos da deficiência da nossa filha Leonor às 16 semanas de gravidez. Foi um enorme choque, como devem calcular...
Após a notícia, foi-nos IMEDIATAMENTE comunicado pelo médico que poderíamos abortar e teríamos de decidir até às 24 semanas.
Por lei eu podia abortar e, de repente e sem mais nem menos, estava nas minhas mãos a vida de alguém.
O que quer que eu decidisse, a lei apoiava-me tal como maioria da sociedade.
É desconcertante este sentimento...
Poder anular uma vida à vontade, sabendo que toda a gente me entende e apoia (mesmo que não concorde).
Tudo isto porque ela não é normal... É diferente, tem um atraso mental que nunca a vai deixar tirar um curso superior, casar e ter filhos... Por estas razões eu posso matá-la. A sociedade apoia, paga e assina por baixo!
Achámos (Zeca e eu) que temos filhos para ELES serem felizes (e não nós, os pais, como muita gente acha). A felicidade é relativa e não passa obrigatoriamente por cursos superiores nem casamentos. Além de que, aprofundando o assunto, estas crianças mongolóides são tão mais descomplicadas que naturalmente são felizes.
Fiquei radiante quando me apercebi e consciencializei que dos meus 3 filhos, uma já ia ser feliz...
Aos outros dois ainda tinha muito que os ajudar e isso deu-me imenso conforto! A mongolóide era certamente a feliz! Que bom e maravilhoso ter essa certeza. Quantos de vocês tem essa segurança em relação aos vossos filhos, ditos normais?
Bom, isto tudo para dizer que, apesar de não desejarmos uma criança deficiente, nunca (apesar de neste caso a lei dizer que sim) pensámos em matá-la!
"Tanto para os que me conhecem melhor e já sabem um pouco da minha vida, e para os que não, passo a explicar:
Tenho 36 anos e sou mãe de 3 crianças, uma de11, outra de 6 e a última de 2.
A última nasceu com Trissomia 21 (síndrome de Down – vulgo Mongolismo) e soubemos no início da gravidez, o que nos fez passar por determinadas situações dolorosas, difíceis e muito "estranhas"....
Este tornou-se num assunto, para mim, "delicado" e incrível.
Sempre fui leve em relação ao assunto do aborto, até me ver na situação.
Como já disse, nós soubemos da deficiência da nossa filha Leonor às 16 semanas de gravidez. Foi um enorme choque, como devem calcular...
Após a notícia, foi-nos IMEDIATAMENTE comunicado pelo médico que poderíamos abortar e teríamos de decidir até às 24 semanas.
Por lei eu podia abortar e, de repente e sem mais nem menos, estava nas minhas mãos a vida de alguém.
O que quer que eu decidisse, a lei apoiava-me tal como maioria da sociedade.
É desconcertante este sentimento...
Poder anular uma vida à vontade, sabendo que toda a gente me entende e apoia (mesmo que não concorde).
Tudo isto porque ela não é normal... É diferente, tem um atraso mental que nunca a vai deixar tirar um curso superior, casar e ter filhos... Por estas razões eu posso matá-la. A sociedade apoia, paga e assina por baixo!
Achámos (Zeca e eu) que temos filhos para ELES serem felizes (e não nós, os pais, como muita gente acha). A felicidade é relativa e não passa obrigatoriamente por cursos superiores nem casamentos. Além de que, aprofundando o assunto, estas crianças mongolóides são tão mais descomplicadas que naturalmente são felizes.
Fiquei radiante quando me apercebi e consciencializei que dos meus 3 filhos, uma já ia ser feliz...
Aos outros dois ainda tinha muito que os ajudar e isso deu-me imenso conforto! A mongolóide era certamente a feliz! Que bom e maravilhoso ter essa certeza. Quantos de vocês tem essa segurança em relação aos vossos filhos, ditos normais?
Bom, isto tudo para dizer que, apesar de não desejarmos uma criança deficiente, nunca (apesar de neste caso a lei dizer que sim) pensámos em matá-la!
Além de matar, viver uma vida de família em cima de uma morte seria muito duro para nós, e uma grande cobardia em relação àquela criança que, na minha barriga, nunca pediu NADA. Com os olhos em bico, ou não, mais lenta, ou não, eu não posso matar a minha filha! NÃO TENHO ESSE DIREITO, independentemente de haver quem ache que sim.
A minha vida vai mudar? Sim
Vou estar enfiada
O coração dela está bem? Não sei
Os outros órgãos? Não sei
Ouvirá bem? Não sei
Verá bem? Não sei
Vocês sabem antes dos vossos filhos nascerem? Têm certezas?
A partir desse momento e desses meses, a história do aborto tornou-se tão clara para mim que gostava que lessem para ver se concordam...
A minha vida vai mudar? Sim
Vou estar enfiada
O coração dela está bem? Não sei
Os outros órgãos? Não sei
Ouvirá bem? Não sei
Verá bem? Não sei
Vocês sabem antes dos vossos filhos nascerem? Têm certezas?
A partir desse momento e desses meses, a história do aborto tornou-se tão clara para mim que gostava que lessem para ver se concordam...
Estou um pouco cansada de todos estes mails, muito técnicos (apesar de válidos), cheios de leis e palavras difíceis quando no fundo tudo se trata de RESPEITO À VIDA.
Se é das 10 semanas ou 12 ou 24. Se é despenalizar ou liberalizar, se é PSD, PP, PS, Bloco… Se, se, se…
A pergunta que nos vão fazer é, (esqueçam o que os a favor chamam "despenalização" e os contra "liberalização") se qualquer mulher (pobre ou rica, com ou sem problemas) que não quer ter um filho pode matá-lo até às 10 semanas de idade?
Sim ou não?
Pode ou não?
Comecei a pensar... Há tanta gente que tem pena destas mulheres. Eu também tenho, mas se elas não queriam engravidar, se não têm dinheiro ou não têm casa, se são drogadas ou se têm 15 anos, qual é a solução?
Matar o filho, claro!
É efectivamente uma solução, que tanta gente apoia e está pronta a pagar do seu próprio bolso.
Lembrei-me depois, no seguimento deste raciocínio, que há outras mães nessas condições.
Lembram-se da mãe da Joaninha, aquela mãe que matou a filha de 5 anos e que está presa?
E que Portugal INTEIRO se revoltou contra ela?
Mas ela, coitada, também não tinha condições de ter a Joaninha. Perdeu o emprego, não conseguia ajudá-la e achou que para ela ter uma vida assim, mais valia matá-la, no fundo era um acto de amor e proteger a sua filhota de sofrer.
E dentro do mesmo contexto, achou bem.
Matou-a, provavelmente ela não deu por nada, tal como os bébés na barriga, e acabou-se o problema.
São 2 casos idênticos, mas as pessoas reagem de maneira diferente. É engraçado ver que num revoltam-se e no outro ainda estão apensar nas pobres mães que não os podem criar. QUAL É A DIFERENÇA?
Se é das 10 semanas ou 12 ou 24. Se é despenalizar ou liberalizar, se é PSD, PP, PS, Bloco… Se, se, se…
A pergunta que nos vão fazer é, (esqueçam o que os a favor chamam "despenalização" e os contra "liberalização") se qualquer mulher (pobre ou rica, com ou sem problemas) que não quer ter um filho pode matá-lo até às 10 semanas de idade?
Sim ou não?
Pode ou não?
Comecei a pensar... Há tanta gente que tem pena destas mulheres. Eu também tenho, mas se elas não queriam engravidar, se não têm dinheiro ou não têm casa, se são drogadas ou se têm 15 anos, qual é a solução?
Matar o filho, claro!
É efectivamente uma solução, que tanta gente apoia e está pronta a pagar do seu próprio bolso.
Lembrei-me depois, no seguimento deste raciocínio, que há outras mães nessas condições.
Lembram-se da mãe da Joaninha, aquela mãe que matou a filha de 5 anos e que está presa?
E que Portugal INTEIRO se revoltou contra ela?
Mas ela, coitada, também não tinha condições de ter a Joaninha. Perdeu o emprego, não conseguia ajudá-la e achou que para ela ter uma vida assim, mais valia matá-la, no fundo era um acto de amor e proteger a sua filhota de sofrer.
E dentro do mesmo contexto, achou bem.
Matou-a, provavelmente ela não deu por nada, tal como os bébés na barriga, e acabou-se o problema.
São 2 casos idênticos, mas as pessoas reagem de maneira diferente. É engraçado ver que num revoltam-se e no outro ainda estão apensar nas pobres mães que não os podem criar. QUAL É A DIFERENÇA?
A diferença é que vocês viram a cara da Joaninha na TV, sentiram-se "atingidos e sensibilizados" e o bébé de 10 semanas não o viram.
É mais fácil matar quem não se conhece a cara. É cobardia. O coração bate em ambas.
Pensem bem... Duas mães que matam os seus filhos exactamente pela mesma razão.
Uma pode e deve ir para a cadeia mas a outra, coitadinha, nem pensar. Além de que isto tudo é secundário. A mãe, lamento, não está em causa no referendo ao contrário do que nos impigem. O que está em causa é o filho. Pode-se matar ou não? É sobre ele que vamos decidir.
Há quem lhe chame "despenalização", eu (Bita) chamo MATAR.
Vocês consideram que a vida de um ser humano tem valor menor do que a dignidade da mãe? Por acaso assassinar a um ser humano inocente e indefeso não seria um crime maior do que o estropio sofrido pela mãe?
O aborto não é um direito da mulher.
Ninguém tem direito de decidir se um ser humano vive ou não vive, mesmo que seja a mãe que o acolheu no seu ventre. A mulher tem o direito de decidir se concebe ou não. Mas desde que uma vida foi gerada no seu seio, é outro ser humano, em relação ao qual tem particular obrigação de o proteger e defender."
É mais fácil matar quem não se conhece a cara. É cobardia. O coração bate em ambas.
Pensem bem... Duas mães que matam os seus filhos exactamente pela mesma razão.
Uma pode e deve ir para a cadeia mas a outra, coitadinha, nem pensar. Além de que isto tudo é secundário. A mãe, lamento, não está em causa no referendo ao contrário do que nos impigem. O que está em causa é o filho. Pode-se matar ou não? É sobre ele que vamos decidir.
Há quem lhe chame "despenalização", eu (Bita) chamo MATAR.
Vocês consideram que a vida de um ser humano tem valor menor do que a dignidade da mãe? Por acaso assassinar a um ser humano inocente e indefeso não seria um crime maior do que o estropio sofrido pela mãe?
O aborto não é um direito da mulher.
Ninguém tem direito de decidir se um ser humano vive ou não vive, mesmo que seja a mãe que o acolheu no seu ventre. A mulher tem o direito de decidir se concebe ou não. Mas desde que uma vida foi gerada no seu seio, é outro ser humano, em relação ao qual tem particular obrigação de o proteger e defender."
Parte II
"Meus queridos amigos, gostava, para quem ainda não pensou no assunto, que pensasse.
Vamos brevemente decidir sobre a ética do nosso País. Sobre se podemos ou não abortar livremente até às 10 semanas.
Segundo alguns quase toda a Europa já aborta, matando as suas crianças e só Portugal é que está atrasado.
Fico radiante de o nosso atraso ser bom. Tal como fazemos com os nossos filhos, dos colegas da escola devemos copiar os bons alunos e não os maus. Temos de saber o que devemos trazer de exemplo da Europa e o que NÃO DEVEMOS copiar. Além de que muitos deles já estão arrependidos das decisões tomadas mas agora é tarde demais para voltar atrás. Nós é que estamos SUPER ATRASADOS!
Votem contra a morte.
Não se abstenham, é uma vergonha.
Na dúvida, escolham a VIDA!
Tenham tomates para dizer a vossa opinião em público.
E mais, acabou-se o modernismo de "eu sou contra, mas cada um sabe de si". NÃO! Se é contra explique e convença os outros. Abra-lhes a mente.
Vocês têm essa obrigação, de ajudar os indecisos, e quem não vê nem entende, a entender.
E não metam isto nas mãos dos católicos. Este assunto da vida tem a ver com Budistas, Católicos, Ateus, etc. É um assunto de ética moral da mais simples. Desde que nascemos que aprendemos que não se mata. Matar é mau.
Chega de estar tudo no seu canto a opinar e os políticos a decidir se matamos ou não os nossos filhos.
E vocês, Pais (homens), mais do que ninguém, falem! Alguém vos perguntou se podem matar os vossos filhos? Vocês nem têm voz. A mulher decide tudo sozinha (coitadinha)!
Desculpem se me exalto na escrita, mas realmente acho que andamos todos a brincar às leis e com a vida das pessoas."
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