domingo, 14 de janeiro de 2007

As doidices da cria

Às três da matina, acordei com o choro da cria.

Contrafeito, porque, ainda por cima, tenho andado às voltas com mais uma gripalhada, lá me levantei e fui preparar um biberão, coisa que começa a ser, cada vez mais, rara, já que a bebé já dorme a noite toda sem necessidade de comer a horas indecentes.

De volta ao quarto, com biberão e cria, acordei a minha mulher e foi ela que, pacientemente, se encarregou de ajudar a pequena criatura a saciar a fome, enquanto que eu aproveitei, também, para meter qualquer coisa no estômago.

Ainda não tinha começado a satisfazer a minha fome quando a minha mulher desatou aos berros a chamar-me e a pedir gaze e soro fisiológico…

Acontece que a cria tinha uma enorme ramela no canto do olho esquerdo, que parecia impedi-lo de abrir convenientemente, e a pequena criatura olhava para nós como quem tinha levado um valente soco nas ventas.

Limpar o canto do olho permitiu-nos verificar que, afinal, a ramela não era ramela, mas sim um enorme gorila (macaco é pouco) que a criatura sacou do pequeno nariz e que, em vez de alojar na almofada ou no lençol, decidiu acomodar no olho.

Mas a coisa ainda não estava bem, e uma análise mais apurada levou-nos à conclusão de que o macaco não estava ali isolado.

Afinal, a cria deve ter espirrado violentamente e optou por agarrar naquela ranhoca espessa e esfregá-la nas longas pestanas, como se de rímel, sombra ou pó de arroz se tratasse, que, depois de secar, impediu as pálpebras de se movimentarem livremente.

Entretanto, a pequena criatura já começou a gatinhar (ainda que meio desengonçada) e já mostra uma enorme vontade de se pôr em pé.

Sem comentários: