quarta-feira, 12 de março de 2008

Vamos ao hospital

De tanto ser posto à prova, com tanta chuchadela, o dedo da pequena cria começou a ficar gretado e a desenvolver uma pequena infecção, que só começou a assustar os progenitores quando verificámos que estava a ficar um bocado inchado demais e, sabe-se lá porquê, com sangue pisado à volta da unha.

Face a estas informações visuais, e porque não é preciso entender nada de medicina para se perceber que ali há um foco de infecção, decidimos levar a filha à Urgência Pediátrica, vulgo “vamos ao hospital”.

Quer-me parecer que a merda é igual em todos os estabelecimentos hospitalares públicos, e que não está em causa qual o hospital ao qual se recorre.

Ora, após a inscrição da cria, feita por uma simpática, e competente, funcionária lá fomos chamados a um gabinete, onde um médico, provavelmente com pressa para ir jantar, pouco ou nada viu do dedo, limitando-se a confirmar que havia uma infecção e que a cria teria que tomar um antibiótico.

A esta altura, pergunto-me, na minha ignorância, porque é que o dito médico, e, sim, era um médico e não um enfermeiro, não passou logo uma receita com o dito antibiótico em vez de nos mandar, com um papel do hospital, de volta para o balcão das informações para fazer uma segunda inscrição.

De volta ao guichet das inscrições/informações, a tal da simpática funcionária disse que teríamos que aguardar e que rapidamente seríamos, novamente, chamados, o que sucedeu cerca de quinze minutos depois e, desta feita, para o gabinete da triagem.

Confesso que, a esta altura, fiquei um bocado confuso, já que tinha a noção de que a triagem era a primeira situação a transpor e assumi que a primeira converseta com o médico teria servido, precisamente, filtrar a Joana no meio de tantas crianças que estavam presentes na sala de espera.

Um parêntesis nesta lenga-lenga para dizer que, nesta fase do campeonato, já tinha entrado em contacto com o pediatra da pequena criatura que já me tinha dito que o antibiótico era, efectivamente, a melhor solução, juntamente com uma pomada cicatrizante.

Após a saída da triagem, e fechado o parêntesis, apercebi-me da triste realidade quando olhei para um daqueles mostradores luminosos que vai passando uma série interminável de letras e números.

Tinha-nos sido atribuída uma bolinha verde, sinal de que não há pressas, e que teríamos que esperar qualquer coisa como três horas e meia para voltar a falar com o médico que, sem dúvida, nos diria, mais uma vez, que a cria iria tomar um antibiótico e que, sem dúvida, nos passaria a receita do dito cujo.

Três horas e meia para obter uma merda dum papel é, na minha modesta opinião, estar a gozar com a populaça.

Como tal, fomos, pura e simplesmente, embora e a solução passou por um telefonema dum farmacêutico para o pediatra, de modo a poder adquirir o antibiótico sem ter uma receita médica.

No meio disto tudo, entristece-me constatar que há muita gente que não pode fazer como nós fizemos e que não tem outra opção senão submeter-se à burocracia cá do burgo, às longas filas de espera e ao pouco profissionalismo que, infelizmente, ficou bem patente nesta primeira, e espero que primeira de muito poucas, visita da cria a um hospital.

Nota - Também publicado no Traquina e Irrequieta

4 comentários:

Anónimo disse...

Claro que é complicado ir a um hospital, mas permita que lhe diga que não se deveria ter dirigido à urgência mas sim a um centro de saúde,pense que levar uma criança a uma urgência é expô-la a um cocktail de vírus, bactérias e afins. Sempre que considerar que a sua criança tem um problema de saúde ligue o 800 24 24 24 que lhe darão todo o aconselhamento e encaminhamento necessário.

Johnnyzito disse...

Meu caro anónimo.

Antes de mais, os meus agradecimentos pelo seu comentário e permita-me alguns esclarecimentos ou considerações.

Algo que falhou no texto do post, foi deixar muito claro que, nem de perto nem de longe, somos daqueles pais que, por dá cá aquela palha, pregam logo com a criança na urgência dum hospital, contribuindo para o entupimento dos serviços.

Hospital, só mesmo em último recurso.

Posto isto, devo dizer-lhe que entre uma sala de espera dum Centro de Saúde e a sala de espera dum hospital, venha o diabo e escolha, no que toca a vírus e afins, assim o considero.

Já em relação ao atendimento, a hora a que fomos ao hospital é, precisamente, a hora dos médicos dos centros de saúde irem para casa jantar e descansar, o que leva a uma pseudo consulta em cima do joelho ou situações de falta de pachorra que, obviamente, não agradam a qualquer pai que vê um filho com algum problema de saúde.

Não quero, com isto, dizer que os médicos do centro de saúde não tenham direito a ir jantar e descansar.

Quero, isso sim, dizer que não vale a pena sujeitarmo-nos a cenas que roçam o limite da má educação e que levam os pais a desistir do centro de saúde e dirigirem-se ao hospital, só porque no primeiro local não foram devidamente atendidos.

Digo isto porque foi um caso concreto, passado no dia anterior com o filho de amigos meus, que até poderia ter consequências mais graves, já que a criança vai ter que se submeter a uma pequena cirurgia, algo que, logicamente, não foi diagnosticado pela médica esfomeada que estava com o fogo no rabinho para ir para casa.

Em relação ao seu conselho sobre a linha de saúde, que, obviamente, agradeço, posso dizer-lhe que já a ela recorri por duas vezes, com resultados mais do que satisfatórios, pela rapidez e profissionalismo do atendimento que levaram à resolução do problema.

Neste caso, e porque o dedo estava tão inchado com o sangue pisado, optei por uma solução onde houvesse um contacto visual, de modo a obter o melhor diagnóstico.

Obviamente, enganei-me… Ou fui enganado?

Saímos do hospital de consciência tranquila, meu caro anónimo, porque temos consciência de que não foi por nossa causa que os serviços ficaram mais entupidos, e antes pelo contrário.

Um abraço

João Gonçalves

Anónimo disse...

Caro João Gonçalves
Lamento tê-lo melindrado na sua condição de pai, de todo era minha intenção.Deixe-me esclarecer também o meu comentário , quando lhe recomendo
o centro de saúde é para resguardar a criança ,porque em princípio o tempo de espera para ser consultada será menor, o tempo de consulta é maior permitindo dar mais atenção ao problema e quanto à exposição a infecções ela é muito superior em hospitais . Posto isto, só resta a minha condição de anónimo,se eu tivesse posto um nome teria deixado de ser anónimo?
Por fim desejo uma boa e rápida recuperação à criança e a esperança de que não tenha que voltar ao hospital.

Johnnyzito disse...

Meu caro anónimo,

De maneira nenhuma fiquei melindrado.

Em todo o caso, quer-me parecer que esta coisa dos tempos de espera pode variar muito, e, no meu caso, o tempo de espera nos dois centros de saúde a que recorro, quando necessário, tem sido sempre superior, largamente superior, ao tempo de espera em qualquer urgência hospitalar.

O mesmo se passa em relação à sensação de exposição a vírus, infecções e afins, já que as salas de espera dos referidos centros são de tal forma exíguas que as pessoas estão umas em cima das outras à espera de serem atendidas, o que causa uma certa sensação de claustrofobia e, sem dúvida, a sensação que se torna muito mais fácil apanhar uma gripalhada, ou algo pior, naquele ambiente.

Por último, a questão do anonimato.

É claro que o simples facto de colocar um nome não quer dizer que deixe de ser anónimo, na verdadeira acepção da palavra.

Há quem ponha nomes fictícios, por exemplo.

E mesmo colocando o nome verdadeiro, tal facto não quer, necessariamente, dizer que saia do anonimato.

Uma coisa é certa… Claro que deixaria de tratá-lo por “meu caro anónimo” para passar a tratá-lo pela sua graça.

Um abraço

JG