Num dos matutinos gratuitos que são distribuídos na zona da grande Lisboa, aparece uma notícia sobre o Acordo Ortográfico e a opinião do ministro Pinto Ribeiro, que diz que o acordo é uma necessidade para a expansão da língua cá do burgo.
Em primeiro lugar, ficam-me sérias dúvidas sobre esta expansão porque não vejo para onde poderemos expandir mais do que já expandimos, mesmo linguisticamente falando.
Depois, temos que ter em consideração que o Português, o verdadeiro Português e não o Português cheio de sotaque e estrangeirismos, é falado por pouco mais de dez milhões e começa a ser cada vez mais raro, fruto da invasão, ou, se quisermos, da tal expansão que o ministro tanto deseja, do "português" vindo de além fronteiras.
O que vai, sem dúvida, acontecer é que a pureza da nossa língua vai desaparecer e ser aglutinada por uma mescla impressionante de regras e palavras vindas dos outros locais, onde se fala alguma coisa parecida.
Deixo dois pequenos exemplos:
Hoje, num estabelecimento comercial perto do escritório, fui atendido por um cidadão, provavelmente português por via da naturalização, que se exprime com sotaque brasileiro.
Ao pagar um euro e meio com uma nota de dez euros, fui surpreendido com a pergunta “O senhor não tem troco mais menor, não?”
Acredito que muitos dos leitores do Sempre a Produzir pensem da mesma maneira que eu, ou seja, é melhor fingir que nem percebemos e nem vale a pena dizer seja o que for.
O outro exemplo prende-se com este espaço, onde o autor não é nenhum especialista na matéria mas tenta, dentro dos conhecimentos que tem, escrever duma forma clara, sem erros ortográficos e de acordo com as regras básicas da gramática cá do burgo.
Ora, num post já algo longínquo, apareceu um comentário que diz, e passo a citar, “para de fica escrevendo besteira na internete e vai fase algo que preste”.
Posso, até, dar o benefício da dúvida e considerar que o anónimo anormal, que escreveu semelhante aberração, pode ter razão ao querer referir-se ao conteúdo do artigo publicado ou, até mesmo, ao conteúdo do Sempre a Produzir.
Não posso, no entanto, estar de acordo que o referido anónimo anormal se aproveite do meu espaço para impingir à populaça um tipo de linguagem mal parida, parecida ao que é o bom Português.
Penso, caro anónimo, que o que o senhor, ou senhora, queria escrever era qualquer coisa parecida a “Pára de ficar escrevendo besteira na internete e vai fazer algo que preste.”
Como pode constatar, uma frase começa com letra maiúscula, “pára”, do verbo parar, leva acento e o verbo fazer escreve-se com “z”, e não com “s”, até mesmo no “português” escrito e falado lá por terras do outro lado do Oceano Atlântico.
Além disso, “besteira” é um termo que não existe em Português.
Em Português minimamente correcto, deveria ter escrito qualquer coisa como “Pára de escrever estupidezes na Internet e vai fazer algo que valha a pena.”
Fica, ainda, um meu pedido, que, estou certo, reunirá inúmeros apoiantes:
Escreva, meu caro anónimo, uma pequena missiva ao Ministro da Cultura deste nosso cantinho à beira mar plantado sobre um qualquer assunto, que até pode ser para denunciar algumas das parvoíces que aparecem neste blog, mas escreva no seu belo “português”.
Pode ser que, dessa forma, o ministro e o executivo, em geral, percebam que esta história do acordo ortográfico é mais uma balela que não interessa nem ao Menino Jesus e que mais vale fazer um esforço para melhorar o nível de Português falado cá no burgo.
Em primeiro lugar, ficam-me sérias dúvidas sobre esta expansão porque não vejo para onde poderemos expandir mais do que já expandimos, mesmo linguisticamente falando.
Depois, temos que ter em consideração que o Português, o verdadeiro Português e não o Português cheio de sotaque e estrangeirismos, é falado por pouco mais de dez milhões e começa a ser cada vez mais raro, fruto da invasão, ou, se quisermos, da tal expansão que o ministro tanto deseja, do "português" vindo de além fronteiras.
O que vai, sem dúvida, acontecer é que a pureza da nossa língua vai desaparecer e ser aglutinada por uma mescla impressionante de regras e palavras vindas dos outros locais, onde se fala alguma coisa parecida.
Deixo dois pequenos exemplos:
Hoje, num estabelecimento comercial perto do escritório, fui atendido por um cidadão, provavelmente português por via da naturalização, que se exprime com sotaque brasileiro.
Ao pagar um euro e meio com uma nota de dez euros, fui surpreendido com a pergunta “O senhor não tem troco mais menor, não?”
Acredito que muitos dos leitores do Sempre a Produzir pensem da mesma maneira que eu, ou seja, é melhor fingir que nem percebemos e nem vale a pena dizer seja o que for.
O outro exemplo prende-se com este espaço, onde o autor não é nenhum especialista na matéria mas tenta, dentro dos conhecimentos que tem, escrever duma forma clara, sem erros ortográficos e de acordo com as regras básicas da gramática cá do burgo.
Ora, num post já algo longínquo, apareceu um comentário que diz, e passo a citar, “para de fica escrevendo besteira na internete e vai fase algo que preste”.
Posso, até, dar o benefício da dúvida e considerar que o anónimo anormal, que escreveu semelhante aberração, pode ter razão ao querer referir-se ao conteúdo do artigo publicado ou, até mesmo, ao conteúdo do Sempre a Produzir.
Não posso, no entanto, estar de acordo que o referido anónimo anormal se aproveite do meu espaço para impingir à populaça um tipo de linguagem mal parida, parecida ao que é o bom Português.
Penso, caro anónimo, que o que o senhor, ou senhora, queria escrever era qualquer coisa parecida a “Pára de ficar escrevendo besteira na internete e vai fazer algo que preste.”
Como pode constatar, uma frase começa com letra maiúscula, “pára”, do verbo parar, leva acento e o verbo fazer escreve-se com “z”, e não com “s”, até mesmo no “português” escrito e falado lá por terras do outro lado do Oceano Atlântico.
Além disso, “besteira” é um termo que não existe em Português.
Em Português minimamente correcto, deveria ter escrito qualquer coisa como “Pára de escrever estupidezes na Internet e vai fazer algo que valha a pena.”
Fica, ainda, um meu pedido, que, estou certo, reunirá inúmeros apoiantes:
Escreva, meu caro anónimo, uma pequena missiva ao Ministro da Cultura deste nosso cantinho à beira mar plantado sobre um qualquer assunto, que até pode ser para denunciar algumas das parvoíces que aparecem neste blog, mas escreva no seu belo “português”.
Pode ser que, dessa forma, o ministro e o executivo, em geral, percebam que esta história do acordo ortográfico é mais uma balela que não interessa nem ao Menino Jesus e que mais vale fazer um esforço para melhorar o nível de Português falado cá no burgo.
1 comentário:
Quanta ignorância!!! "Ser aglutinado", "regras e palavras", "onde se fala"?!?1!?
Que parte de "Acordo ORTOGRÁFICO" é que não percebeste? Quem é que disse que mudaria a língua ou a 'forma de falar'?!?!? Pureza da língua? Com as variedades que temos só dentro do nosso minúsculo Portugal? Bá...
O curioso é que se quiséssemos ser puristas, quem teria de efectuar mais mudanças na ORTOGRAFIA seríamos nós e não os brasileiros, pois,
1. Até 1945 nós escrevíamos 'enjôo', flôr', 'assembléia', 'idéia', etc., e fomos NÓS que mudámos e não eles, já que ELES se mantiveram fiéis à ORTOGRAFIA anterior do português;
2. Quanto à tão polémica eliminação dos grafemas/letras que não se pronunciam, quem disse que era uma aproximação ao português do Brasil? Nós já o fizemos anteriormente na NOSSO português, em 1945, ou ainda estarias a escrever: 'práCtica', satisfaCção', 'auCtor', 'funCção', 'produCção', 'absorPção', 'assumpto', 'prompto', 'descriPto', 'assumpção',... devo continuar?
Se queres ser tão 'purista', volta lá a escrever como se escrevia antes da última reforma ORTOGRÁFICA, em que NÓS decidimos mudar muitíssimo mais do que que se pretende mudar agora! Volta lá então aos: 'êste', 'cêrca', 'côr', 'vôo',idéia, 'captivar', 'prompto', 'excerpto', 'anecdota', 'augmentar', 'condemnar', 'damno', gimnásio', 'somno', 'diphtongo', 'arithmética', 'asthma', 'combóio', 'dezóito', etc., etc. e tal... ou voltar ainda ao 'pharmácia', 'symptoma',...
O português que agora escreves, SÓ no Séc. XX, passou por 3 reformas, por isso, já podes meter a tua 'pureza linguística' no mesmo saco da tua ignorância e afundá-los no rio mais próximo...
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