terça-feira, 7 de outubro de 2008

Globalmente falando

A crise mundial chegou e, aparentemente, veio para ficar durante algum tempo, para mal dos pecados de muita populaça mundial.

A Islândia, pequeno país cotado entre os mais ricos do mundo, tem-se revelado muito vulnerável e enfrenta uma crise financeira brutal, graças ao endividamento excessivo à banca e às proporções desmesuradas a que chegou o crédito mal parado, o que levou o terceiro maior banco do país, o Glitnir, a ser nacionalizado na semana passada, depois de ter declarado falência técnica.

O primeiro-ministro lá do sítio já veio a publico admitir que todo o sector bancário pode desmoronar, o que pode levar ao colapso total da economia e à falência do estado islandês. Numa palavra, bancarrota.

Entretanto, a Espanha já seguiu as pisadas de outros países, como a França e o Reino Unido, e, depois de reunir de emergência com as entidades financeiras, o governo espanhol decidiu aumentar o fundo de garantia dos depósitos e prometeu injectar liquidez nos mercados, com o objectivo de reforçar a confiança dos espanhóis e dos empresários no sistema financeiro de Espanha, depois do pânico que se verificou nas bolsas europeias.

Noutras zonas mais longínquas, o Banco do Japão anunciou mais uma injecção de um bilião de ienes (7,25 mil milhões de euros) no sistema bancário do país para prevenir a falta de liquidez perante a crise financeira mundial, intervindo no mercado pelo décimo quinto dia útil consecutivo, ao mesmo tempo que, nos Estados Unidos, Bush já avisou que vai demorar algum tempo até que o plano de ajuda ao sistema financeiro – o Plano Paulson – consiga recuperar a economia dos Estados Unidos.

Enquanto isso, e quando o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, assegura que a instituição vai continuar a injectar liquidez no sistema bancário pelo tempo que for necessário, os países da União Europeia discutem a possibilidade de aumentar de 20 mil para 100 mil euros, por pessoa, o mínimo de garantia dos depósitos em caso de falência dos bancos, uma medida que poderá não merecer consenso entre os ministros das finanças dos 27, já que os países mais pequenos podem ter problemas de orçamento para garantir este novo limite.

Quem leia estas linhas pode começar a pensar que a economia mundial está fecundada e que a economia cá do burgo – leia-se a bela merda de economia – vai continuar de mal a pior, fruto da nossa dependência em relação ao exterior.

Desiludam-se os mais cépticos e descrentes, porque o grande Portugal conta com Teixeira dos Santos, o maior carola à face da terra, no que toca ao tema economia.

Aliás, é difícil entender como é que Teixeira dos Santos se presta a ficar como Ministro das Finanças cá do burgo, porque, com o seu profundo conhecimento e visão sobre a economia global, merecia, sem dúvida, uma posição de altíssimo gabarito a nível mundial.

Teixeira dos Santos está decidido a contrariar a crise mundial e a tornar o nosso pequeno burgo numa super potência económica, sem perceber que a populaça está mais preocupada com o desemprego, com o aumento de cidadãos trabalhadores com salários em atraso ou com o facto de chegar ao fim do mês sem dinheiro para fazer face aos compromissos assumidos.

O governo diz que aguarda pelos resultados da tal reunião dos 27, mas o ministro Teixeira dos Santos já garantiu, inclusive mais do que uma vez, que os depósitos da populaça lusa, qualquer que seja o banco a operar em Portugal, estão garantidos, independentemente do conteúdo das propostas que venham a ser aprovadas.

Ou seja, mesmo quem tenha alguns euros depositados numa qualquer dependência nacional dum qualquer gigante económico estrangeiro, que já ficou provado que são vulneráveis e podem, com facilidade, entrar em falência, pode ficar descansado porque o estado português garante o montante em causa.

O cidadão ainda pode ficar na dúvida e perguntar-se onde é que diabo o governo vai buscar tanto dinheiro, de modo a dar-se ao luxo de ter esta tranquilidade de espírito.

Na realidade, nem vale a pena pensar muito sobre o assunto, porque a resposta está à frente dos nossos narizes, e a resposta não são, contrariamente ao que muitos leitores poderiam pensar, os impostos que a populaça paga.

A resposta está nas grandes obras que o estimado governo persiste em levar para a frente, contrariamente ao considerado por outros carolas nestas andanças.

O governo do Sr. Sócrates, na pessoa de Teixeira dos Santos, na qualidade de cartola supremo da economia, não cede a conselhos de outros para repensar os grande investimentos projectados para os próximos anos, por considerar que são projectos necessários ao futuro do país, uma vez que são estruturantes e capazes, por si só, de aumentar a capacidade do burgo, reagir a crises e ajudar ao desenvolvimento sustentável.

Numa altura em que o Fundo Monetário Internacional (FMI) vai rever em baixa as previsões de crescimento da economia mundial, não se entende como é que os lideres mundiais não olham para o exemplo luso ou não dão ouvidos às ideias do nosso Ministro das Finanças, já que, afinal de contas, a solução é simples e passa por gastar mais (e, provavelmente, dinheiro que não se tem) em tempos de verdadeira crise, ou seja, quando se deveria gastar menos.

Globalmente falando, o mundo está erradamente fecundado e deveria era olhar para o exemplo do Ministro das Finanças deste (economicamente falando) insignificante país, um fiel seguidor da célebre máxima “a crise é para os outros”.

1 comentário:

Anónimo disse...

Claro que se entende, sr johnnyzito, porque o FMI está mais preocupado com o abrandamento do crescimento económico dos países desenvolvidos, coisa que Portugal não é.

Cumprimentos

Alex, il Grande