terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Diabetes

O internamento no hospital – relembro que foi por causa dum inchaço brutal da mão esquerda – trouxe uma novidade indesejada à minha vida.

Refiro-me a uma seca das antigas que dá pelo nome de Diabetes.

Sem nada que o fizesse prever, uma vez que, ao longo dos anos, as análises que ia fazendo nunca tinham acusado rigorosamente nada, os testes laboratoriais, que fiz na tarde da entrada no hospital, revelaram um nível de glicose no sangue excessivamente elevado.

Para os mais desatentos, os mal informados, os que não sabem ou para aqueles que, pura e simplesmente, se estão a cagar para o assunto porque acham que isso não é nada com eles, como era o meu caso, a Diabetes é uma porra duma doença que se caracteriza pela incapacidade do organismo para produzir insulina, ou de utilizá-la adequadamente, e pela presença de concentrações elevadas de glicose no sangue, uma vez que a insulina é a "chave" que abre a "porta" por onde a glicose entra nas células. Se houver falta de insulina, a glicose permanece no sangue em vez de fornecer energia às células.

Coisas da vida que apanham um gajo completamente desprevenido e que obrigam a mudanças radicais, especialmente no que toca a hábitos alimentares e rotinas diárias.

Devidamente tratada, a diabetes não impede a populaça de ter uma vida perfeitamente normal e autónoma, sendo, no entanto, fundamental que o diabético se ajude a si mesmo, auto controlando a sua doença.

O problema é que a populaça, como no caso deste Vosso interlocutor, não liga, não sabe ou confunde os sintomas que vão surgindo.

Nos adultos, a Diabetes é, geralmente do Tipo 2, também conhecida por Diabetes Não Insulino-Dependente e manifesta-se através de sintomas tão facilmente identificáveis como susceptíveis de más interpretações.

- Urinar em quantidade e muitas mais vezes do que era normal, especialmente durante a noite.

Normal, dizia eu, atendendo à quantidade de líquidos ingeridos durante o dia.

- Sede constante e intensa.

Normal, dizia eu, para quem sempre bebeu muita água e muito leite. Além disso, a intensidade com que vivemos o dia-a-dia, a porra da poluição citadina, o tabaco e outras tretas mais levam-nos a, por vezes, sentir a garganta mais seca e necessidade de beber mais H2O.

- Fome constante e difícil de saciar.

Manter os oitenta e tal quilos em forma é algo que requer paparoca e nunca tal me passou pela cabeça, especialmente atendendo a que as refeições eram o pequeno-almoço apressado, o almoço (e era normal que estivesse com fome), o jantar (e era, obviamente, normal que chegasse a casa com fome) e, geralmente, qualquer coisa antes de deitar.

- Fadiga.

Com a vida que um gajo leva, quem é que vai pensar que chegar cansado ao fim do dia tem alguma coisa a ver com diabetes?

- Comichão no corpo, especialmente nos órgãos genitais.

Atendendo à transpiração natural, derivada do uso de boxers e calças, é perfeitamente normal que um gajo sinta necessidade de coçar os tintins de vez em quando, sem entrar, obviamente, num exagero que fosse capaz de indicar que alguma coisa não estaria bem.

- Visão turva.

Não sei quantas horas diárias em frente ao ecrã do computador são mais do que razão suficiente para usar óculos de leitura e, por vezes, sentir a vista cansada, porra! Vai lá um gajo pensar que tem alguma coisa a ver com o raio da diabetes…

- Stress.

Esta nem sempre aparece nos livros mas foi uma das razões apontadas pelos médicos e, ainda que um gajo seja muito pachola e calmo, o stress é algo que nos ataca todos os dias e que, lentamente, vai causando mossas.

No caso da Diabetes Tipo 2, o tratamento consiste, regra geral, na adopção de uma dieta alimentar mais rigorosa e na ajuda de medicamentos específicos, sem ser a insulina mas que ajudam à sua produção pelo pâncreas.

Pode parecer algo complicado, mas a verdade é que não foi difícil largar o queijo com marmelada e quase uma litrada de leite antes de dormir nem certas iguarias e petiscos que tão bem sabem.

Um dos segredos está em comer menos de cada vez e mais vezes por dia. Ou seja, um gajo pode passar a vida a comer folhas de alface, bolachinhas integrais ou de água e sal e, claro está, banir, ao almoço, aquelas típicas sandes cheias de maionese e atum.

Outro segredo para manter a coisa controlada é a típica picadela no dedo, e que tanto se ouve falar, de modo a verificar os níveis de glicemia no sangue, o que também não é nada de complicado, uma vez compreendida a rotina e passados os primeiros receios da auto picadela.

Quanto aos comprimidos, já arranjei uma daquelas caixinhas típicas.

1 comentário:

SCAS disse...

bom controlo! tive esses palhaços comigo na última gravidez e tendo um avô que faleceu cego devido à diabetes, não é de todo impossível que me voltem a bater à porta... mas é como dizes: basta controlar: a boca e a picada ;-) beijinhos aos 4