terça-feira, 16 de junho de 2009

96 milhões

Esta coisa da transferência do Ronaldo, e a verba implicada no negócio, já cheira mal que se farta.

O rapaz joga o que joga, pode ser o melhor do mundo, anda metido com loiras e morenas, com espanholas e americanas, vai ter uma casa num dos melhores bairros de Madrid e os adeptos do Real estão delirantes com a aquisição do jogador português.

O Real paga 94 milhões de euros ao Manchester United, um negocião nunca visto e cujo montante, de acordo, por exemplo, com a Organização das Nações Unidas, daria para pagar qualquer coisa como 500 milhões de refeições escolares ou alimentar cerca de nove milhões de esfomeados etíopes.

Além da verba acordada entre os dois clubes, o Real Madrid vai pagar qualquer coisa como vinte e cinco mil euros por dia ao jogador, à laia de ordenado.

Quer isto dizer que a minha humilde casinha ficaria paga em qualquer coisa como quatro dias de trabalho do Cristiano Ronaldo.

Para pagar a carrinha, a tal comprada recentemente, em segunda mão e algo à pressa, em virtude de ter gripado a anterior, seriam necessárias apenas algumas horas e uns minutos dum dia de trabalho do Cristiano Ronaldo.

O pagamento de um ano de colégio da minha filha – mensalidades e alimentação – ficaria resolvido em três horas e meia, isto já a fazer contas por alto.

Por último, a vida pacata desta família, habituada a viver no limite, ficaria resolvida com um mês e meio de trabalho árduo do Cristiano Ronaldo…

Dá, obviamente, muito que pensar e nem mesmo eu, que nem sequer sou um gajo que se possa dizer que seja egoísta, que só pense em mim ou que não goste, dentro do possível, de ajudar o próximo, resisto ao pensamento de que, às vezes, a vida é mesmo uma grande merda.

Mas a esperança é a última a morrer e estou confiante que alguém que leia este blog tenha o número de telefone do Cristiano e mo possa dispensar…

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