quarta-feira, 27 de junho de 2007

Bola baixa e toca a trabalhar

A Comissão do Livro Branco das Relações Laborais, nome pomposo atribuído a um qualquer grupo de pessoas, nomeadas pelo governo e determinadas, na certa, em fecundar a vida da populaça, sugere ao executivo umas quantas mudanças no actual Código do Trabalho.

Uma dessas mudanças passa pela “flexibilização” do horário de trabalho, onde a lei passaria a definir, apenas, os limites dos horários semanal e anual, deixando de fora o limite diário.

Ou seja, depois de muito cozinhar os artigos propostos, o comum cidadão chega à conclusão que, caso o patrão assim o entenda, poderá, na prática, ter que ficar vinte e quatro horas dedicado à actividade da empresa para a qual trabalha.

Dizem eles que o objectivo desta flexibilidade, que inclui o que apelidam de “horários concentrados”, visa dar uma maior liberdade à organização interna das empresas, de modo a garantir uma melhor integração e mais competitividade ao país.


Pelos vistos, a proposta inclui ainda outros temas importantes como a possibilidade de redução salarial, dizem que sempre de acordo com o trabalhador, e uma maior simplificação no que toca a um eventual processo de despedimento, de modo a correr com o trabalhador dali para fora com a maior brevidade possível.

Em vez de falar de melhorias nas condições da vida laboral da populaça, o que se traduziria numa melhoria do bem estar geral e mais vontade em fazer mais e melhor, a dita cuja comissão propõe horários alargados, facilidade no despedimento e possibilidade de menos euros no bolso, ou seja, tudo “coisas boas”, capazes de tornar a vida do pacato cidadão mais propícia a depressões, problemas mentais e ataques de loucura.

Tudo “coisas boas” que só podem levar a populaça a meditar sobre a merda de burgo em que vivemos.

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