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notícia ontem divulgada pela SIC, ou melhor, a conversa absurda divulgada ontem pela SIC entre, primeiro, os familiares duma vitima de um acidente caseiro e o CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes), e, depois, entre o mesmo CODU e as corporações de bombeiros de Favaios e Alijó, é, no mínimo, perturbante e esclarecedora da realidade cá do burgo.
Digo eu que, ao ouvir os ficheiros que constam neste post, a populaça pode mesmo pensar que está na presença de alguma cena de gozo, por parte dos familiares da vítima, e na presença de comediantes, no que toca às respostas dadas, em especial, pelo bombeiro da corporação de Favaios.
Em relação aos familiares da vítima, a triste realidade é que a falta de instrução duma grande parte da populaça leva a que os operadores do 112 se vejam “às aranhas” para perceber as explicações de quem está do outro lado da linha, de modo a poder prestar um primeiro auxílio e encaminhar o socorro urgente com a máxima eficiência possível.
A conversa entre o irmão da vítima e o CODU
Já em relação ao bombeiral, a situação é totalmente diferente.
Apesar de serem, na sua grande maioria, bombeiros voluntários, facto que é de louvar e sobre o qual deixo uma palavra pessoal de gratidão e apreço, não podemos esquecer que são pessoas que têm formação e treino específicos para atender a um leque grande de solicitações por parte da populaça necessitada, nomeadamente em questões de emergências médicas.
Independentemente do facto de se a vítima já se encontrava, ou não, cadáver, na altura do telefonema dos familiares, a capacidade de resposta do bombeiro de Favaios, que atendeu os contactos do CODU, é totalmente inadequada e inadmissível.
Os responsáveis das corporações de Favaios e Alijó, para onde a chamada acabou por ser encaminhada, falam de um mal entendido e defendem que os 10 minutos de converseta estúpida entre o CODU e as corporações não puseram em causa o socorro à vítima, que, aliás, até já estava morta, segundo os familiares.
A conversa entre o CODU e as corporações de Favaios e Alijó
Ora, mal entendido só ser for na cabeça desses senhores, porque o que, realmente, não se entende é o facto do bombeiro dizer, por duas vezes, que não estava a perceber bem porque estava a atender o telemóvel (ao mesmo tempo que atende uma chamada de emergência), perguntar, por duas ou três vezes, aos outros intervenientes sobre o que é que tem que fazer (se sai ou não com a ambulância) e, para cumulo, vir à tona a triste novidade de que só há uma pessoa, durante a noite, no quartel, este último um facto comum às duas corporações, a de Favaios e a de Alijó.
Como é que raio um quartel de bombeiros só tem uma pessoa de prevenção durante a noite?
Não me parece que seja um caso de falta de meios, já que existe, pelo menos, uma ambulância e existem recursos humanos, ainda que só fique um desgraçado de sobreaviso.
Parece-me mais, isso sim, um caso de falta de preparação dos meios humanos, desleixo e irresponsabilidade face à vida e à saúde da populaça.